
Nos
primeiros três versículos deste capítulo, aprendemos que este era
um povo disposto a servir. Aqueles que estavam destinados para o
trabalho no Templo trabalharam como pedreiros e serventes e, finda a
reconstrução, voltaram às funções habituais como porteiros,
cantores e levitas. Neemias identificou em Hananias qualidades dignas
de um servo – “homem fiel e temente a
Deus, mais do que muitos” e colocou-o como
líder do povo. Entre os habitantes da cidade manteve-se a disposição
para servir, de maneira que a responsabilidade de defender a cidade
foi partilhada por todas as famílias, “cada
um diante da sua casa”. Este deve ser o
padrão também para nós. O alcance dos
ministérios da igreja depende diretamente da disposição que os
seus membros têm para servir. Deus dará os
recursos e sustentará a sua obra usando cada um de nós. Temos de
nos tornar mais do que meros assistentes nos cultos dominicais,
crescendo em zelo e dedicação, como servos úteis e dispostos a
fazer o que for necessário na obra de Deus.
É nos
versículos 5 a 66 que lemos o registo de todos os que voltaram a
Jerusalém com Zorobabel e que Neemias volta a citar. Esta referência
a quantos eram e quem eram despertava e aprofundava o sentido de
pertença de um povo que tinha passado por várias décadas de
exílio. Cada indivíduo deveria saber-se parte útil e necessária
deste povo. Mas a utilidade desta genealogia não era somente
reforçar a identidade do povo. Desde Abraão, este povo carregava
uma promessa e de uma missão: “multiplicarei
a tua descendência como as estrelas do céu e lhe darei todas estas
terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra”.
Da sua descendência viria Aquele que seria a bênção para todos os
povos. Este era, portanto, um povo missionário, porque lhe competia
anunciar a promessa de Deus e ser o próprio canal para o seu
cumprimento. Assim sendo, cada uma das genealogias que encontramos,
desde o Pentateuco até ao registo no nascimento de Jesus,
constituíam uma garantia de que o povo de Deus era preservado e
estavam garantidas as condições para Deus cumprir a sua promessa de
abençoar todos os povos, através do seu Descendente. A importância
de manter vivo o registo das linhagens das quais sairia o Salvador é
reforçada pelos versículos 61 e 64 que fazem referência a alguns
que se juntaram ao povo, mas cujos registos de linhagem judaica não
foram localizados. Hoje, a igreja é o povo que serve de canal a esta
promessa. Hoje, a igreja é o povo que
anunciará a bênção a todos os povos.
Somos os responsáveis por comunicar a vinda do Messias e anunciar a
bênção disponível para todos. Que não falhemos nesta disposição!
Finalmente,
dos versículos 70 a 72 lemos sobre aqueles que contribuíram
generosamente para a obra de Deus, começando nos próprios líderes.
Dinheiro, utensílios e vestes foram ofertados para a retoma das
celebrações no templo. Esta generosidade, que se encontra presente
em diversos outros momentos da vida do povo, lembra-nos a forma como
devemos ser um povo disposto a contribuir. E é tempos difíceis como
este que se revela a generosidade autêntica que depende muito mais
da disposição do coração do que do conteúdo da carteira. A
dimensão e o alcance daquilo que a igreja concretiza também
dependem da contribuição dos seus membros.
É verdade que Deus é o dono de todos os recursos e bens e ele
providencia-os conforme a sua vontade. Mas é verdade, também, que
os recursos que Deus quer usar são aqueles que ele já colocou nas
nossas mãos.
Sejamos,
então, um povo disposto a servir, a anunciar e a contribuir. Estes
elementos não esgotam a responsabilidades de ser parte deste povo,
mas são um bom ponto de partida.