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Reencontro com a Palavra

A cada sete anos, a Lei deveria ser lida integralmente a todo o povo: homens, mulheres, crianças e estrangeiros, nas cidades onde habitavam, deveriam ouvir e aprender a temer o Senhor seu Deus e seguir fielmente todas as palavras da Lei (Cf. Deuteronómio 31:10-13). Contudo, passadas décadas de cativeiro, o cumprimento dessa valiosa cerimónia tinha ficado para trás. Agora estavam de volta a Jerusalém, e os muros da cidade que simbolizava a aliança estabelecida por Deus, reconstruídos. Então, no início do sétimo mês, é o próprio povo que reconhece a pungente falta, pelo que toma a iniciativa de se congregar e de requerer a Esdras que leia o livro da Lei. Este momento, um dos mais emotivos na história do povo de Deus, está relatado no oitavo capítulo de Neemias. Certamente, este anseio de ouvir a Palavra de Deus era motivado, também, pela impossibilidade de lê-la individualmente. Mas essa não terá sido a única razão. Vejamos. Hoje temos acesso à Palavra d

Recomeços… Como membros de um mesmo povo

Parecendo, à primeira vista, um mero registo genealógico dos que regressaram a Jerusalém, o primeiro impulso é saltar a leitura do sétimo capítulo do livro de Neemias. Mas fazer isso significaria perder algumas lições importantes, as quais resultam, precisamente, desse registo algo repetitivo de famílias e números. Ora vejamos: a reconstrução do muro tinha sido concluída em 52 dias. Tinha ficado patente que o mérito pela rápida e bem sucedida reconstrução era devido a Deus e chegara o tempo de organizar as coisas por dentro. Nos primeiros três versículos deste capítulo, aprendemos que este era um povo disposto a servir. Aqueles que estavam destinados para o trabalho no Templo trabalharam como pedreiros e serventes e, finda a reconstrução, voltaram às funções habituais como porteiros, cantores e levitas. Neemias identificou em Hananias qualidades dignas de um servo – “homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos” e colocou-o como líder do povo. Entre os habitantes

Comprometidos com a grande obra

Quando ouvimos falar sobre a obra de Deus somos imediatamente levados a pensar sobre as coisas que fazemos no âmbito da igreja local: os cultos dominicais, as reuniões de oração, as iniciativas evangelísticas, os encontros, obras de beneficência e outros ministérios da igreja. A realidade é que esta expressão remete-nos com maior frequência para as coisas que fazemos para Deus do que para aquilo que o próprio Deus faz . Mas a obra é dele e não nossa. Jesus disse-o de forma clara em João 5:17, 19: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (…) Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.” Então, surge a questão: O que é que Deus está a fazer? Podemos afirmar com segurança que uma grande parte do trabalho de Deus está a ser realizada na vida das pessoas. Deus trabalha na vida dos que o conhecem e na vida dos que não o conhecem. Deus está sempre a

Recomeços... Em tempos de crise

Custo de vida extraordinariamente inflacionado, juros altíssimos, exploração imobiliária e pobres completamente desprotegidos; propriedades a ser hipotecadas e vendidas para pagar dívidas, dinheiro a faltar para alimentos e impostos; povo a recorrer a empréstimos para as necessidades essenciais. No quinto capítulo do livro de Neemias é descrita a exploração de que os pobres eram alvo, por parte dos mais ricos e poderosos. Era tal a crise económica e social que, para pagar dívidas, já algumas famílias haviam vendido suas filhas como escravas, sem quaisquer perspetivas de poder considerar o seu futuro resgate. O povo reportou a situação a Neemias. A sua forma de agir constitui um paradigma para a igreja hoje. Em primeiro lugar, lemos no versículo 6 que Neemias ouviu estas queixas e indignou-se muito: “Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei” . Indignou-se não com facto de o terem incomodado com os seus problemas, mas com a realidade que o

Apesar da Oposição

No capítulo 4 do livro de Neemias, lemos sobre a oposição, liderada por Sambalate, contra a reconstrução dos muros de Jerusalém. O que começou por ser escárnio, desprezo e ridicularização escalou para uma forma organizada de agressão militar, orquestrada entre várias nações inimigas, com o propósito de aniquilar os Judeus que trabalhavam e frustrar todo o projeto. A reação do povo sob a liderança de Neemias é exemplar. Em primeiro lugar, precisamos ter a consciência de que, sempre que decidimos obedecer a Deus e escolher ser mais conformes à Sua vontade para nós, necessariamente, surgirá algum tipo de oposição. Por vezes, são pessoas que, frontalmente, nos desmoralizam e desencorajam. Mas é frequente a oposição ter outras caras. É uma distração que surge, uma tentação que chega, um velho pecado que se reacende, uma circunstância adversa que nos surpreende, uma oportunidade “melhor” que se nos é apresentada… A realidade é que os poderes das trevas recorrem a todo o arsenal necessár

Recomeços… Na Escola

Ao observar o exemplo dos reconstrutores do muro de Jerusalém, no capítulo três de Neemias, encontramos um conjunto de atitudes que nos podem ajudar a encarar o ano letivo que agora começou: como se fosse um muro que precisa ser construído. Entrega. Logo no versículo um, lemos que o sumo-sacerdote, juntamente com os demais sacerdotes, se levantaram para edificar uma parte do muro e consagraram aquela que era conhecida como a Porta das Ovelhas. Este momento de dedicação simboliza a entrega de toda a obra a Deus. A primeira atitude necessária para todos os que iniciam o ano letivo é dedicá-lo a Deus. Ao entregarmos o ano letivo a Deus, estamos a reconhecer que tudo é para a Sua glória e a assumir o compromisso de vivermos acordo com a Sua vontade e não a nossa. Preparação. No versículo 5, lemos que os nobres de Tecoa não quiseram participar na obra. A expressão “não meteram o pescoço ao serviço de seu Senhor” demonstra que eles sabiam bem que este trabalho seria difícil, com cust

Recomeços… Com Sujeição E Determinação

Normalmente, sujeição é entendida como uma atitude fraca e passiva que revela falta de iniciativa e de vontade própria; na nossa conceção, uma pessoa que se sujeita a outra nunca poderá ser determinada nas suas intenções e ações. Por outro lado, chamamos determinado a quem se revela pró-ativo, decidido, forte, perseverante e enérgico. Assim, sujeição e determinação parecem traços de personalidade completamente antagónicos que dificilmente coexistirão na mesma pessoa.  O segundo capítulo de Neemias pode surpreender-nos ao revelar uma equilibrada e saudável combinação de ambas as características. Por um lado, vemos um homem que se sujeita à soberania de Deus em cada momento da sua vida. Desde o pedido que apresenta a Artaxerxes, para ir a Jerusalém reconstruir os muros, até à solicitação de recursos que necessitaria para esse projeto, Neemias tem a clara consciência de que o mérito estava sempre do lado de Deus. Depois do rei lhe ter concedido o que pedia, Neemias não declara a

A culpa não é minha!

Já reparou na forma hábil e engenhosa como diluímos o conceito de pecado, particularmente, no que respeita à nossa própria vida? Para começar, não o consideramos assim tão grave, e isto quando admitimos sequer a sua existência; usamos eufemismos como “deslize”, “falha”, “questão de personalidade”, e outros igualmente inventivos, para amenizar a nossa consciência; olhamos à nossa volta e concluímos que não somos assim tão pecadores, já que existem outros bem piores; racionalizamos os nossos “deslizes”, normalmente transferindo a responsabilidade para pessoas e circunstâncias que nos obrigaram a fazer, dizer e pensar o que não devíamos. Seja como for, a culpa não é nossa! É das circunstâncias, é da sociedade, é dos outros, é da educação que tivemos, é da cultura, é das pressões… No primeiro capítulo do seu livro, Neemias descreve o estado de prostração em que ficou ao tomar conhecimento detalhado do estado em que se encontrava a cidade de Jerusalém. Não que estivesse iludido ace

Evolução vs Deus

A fé cega na teoria da evolução, não só vai contra os mais elementares pressupostos do método científico, como se apresenta como uma crença mais ilógica do que a possibilidade da existência de um Criador.

Lei de Murphy

O aforismo conhecido como Lei de Murphy afirma que tudo o que puder correr mal, irá correr mal – e há quem acrescente, ainda – da pior maneira possível e no pior momento possível . Todos nós sabemos o que isto significa, desde as situações mais inócuas, como a torrada que cai sempre com a manteiga virada para o chão; até às mais trágicas, como doenças e perdas de emprego que parecem combinar para acontecerem ao mesmo tempo; passando por outras, menos graves mas não menos reais, como a forma solidária como todos os eletrodomésticos da casa avariam no mesmo mês. O nosso povo já dizia, muito antes da Lei de Murphy, “uma desgraça nunca vem só” e “não há duas sem três”. Apesar do tom fatalista e dos elementos de superstição contidos nestes provérbios, a realidade é que existem momentos em que “parece que o mundo inteiro se uniu p’ra me tramar”. São momentos em que alguns dos nossos maiores temores abatem-se sobre nós: agrava-se a saúde, deterioram-se relacionamentos, perde-se o empre

Consagração feminina ao pastorado I Timóteo 2:11-15 - Uma segunda reação comentada

O Tiago Oliveira apresentou algumas notas no seu blog do Facebook ( https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=358647034254376&id=152417248210690 ) em resposta aos meus últimos comentários ( Consagração feminina ao pastorado - I Timóteo 2:11-15 - Uma resposta comentada ), as quais reproduzo aqui, com a sua permissão, intercaladas com as minhas observações.   Caro Tiago, Concordo em relação à utilidade deste tipo de diálogo, não só pela exposição das nossas posições e ideias, mas também porque considero ser um exercício útil a capacidade de manter o tom da nossa conversa num domínio de respeito e consideração mútuas. Por vezes, este tipo de assuntos suscita reações tão viscerais que se perdem complemente as condições mínimas para a continuação do debate. Assumem-se posições extremas, confundem-se ideias com pessoas, pressupõem-se agendas ocultas e fica completamente inquinado o ambiente para a conversa. Penso que quem nos lê, pode perceber que acreditamos firmemente es

Consagração feminina ao pastorado - I Timóteo 2:11-15 - Uma resposta comentada

O meu amigo e colega Tiago Oliveira publicou no seu Blog no Facebook (https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=356813587771054&id=152417248210690) uma resposta ao meu artigo anterior "Consagração feminina ao ministério pastoral - I Timóteo 2:11-15". Com a sua permissão, republico-o aqui (a azul), intercalado com os meus próprios comentários. Espero que este diálogo ajude a abrir canais de comunicação sobre o tema. 1 Timóteo 2:11-15 - Uma resposta Caro Rúben Couto, escrevo em resposta ao teu texto acerca da consagração feminina ao pastorado com base em 1 Timóteo 2:11-15. http://vidaemabundancia.blogspot.pt/2013/04/consagracao-feminina-ao-pastorado-i.html . Em primeiro lugar, devo louvar o texto pela tua atitude. Pela primeira vez tenho o prazer de ler um texto sério de alguém com quem discordo mas que revela a postura correcta que todos deveríamos manter ao discutir qualquer assunto. Em segundo lugar, louvo o facto de procurares discutir o assunto no plano