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Fragmentos do Evangelho

Assistimos ao proliferar desenfreado das mais variadas tendências religiosas, espirituais e místicas. Muitas apresentam-se como cristãs e apregoam novas interpretações e vivências do Evangelho. Na sua grande maioria, infelizmente, apresentam somente fragmentos do Evangelho. Partes, em vez do todo, como se do todo se tratasse. Esta fragmentação fica evidente, quando percebemos, por exemplo, a elevada ênfase que é dedicada ao receber as bênçãos de Deus e ao tomar posse das vitórias que Ele tem preparado para nós.

Quem conhece a Bíblia concorda que Deus tem, de fato, inúmeras bênçãos (Romanos 8:32) e vitórias (Romanos 8:37 e I Coríntios 15:57) para os Seus filhos. Embora, muitas vezes as bênçãos a que se referem alguns destes movimentos não encontrem fundamentação bíblica, a realidade é que Deus é bondoso e gracioso, abençoando-nos e fazendo com que sejamos mais do que vencedores, muito para além do que merecemos.

No entanto, julgo que a maior dificuldade com este tipo de apresentação fragmentada do Evangelho reside em apregoar a bênção sem falar no arrependimento e anunciar a vitória sem fazer referência à obediência (Deuteronómio 11:26-32 e João 15:14). No fundo, fica a faltar a apresentação da parte menos popular do Evangelho: a necessidade de nos arrependermos dos nossos pecados e de vivermos uma vida de obediência à vontade de Deus. Esta parte do Evangelho é mais incómoda, mais trabalhosa e, do ponto de vista do marketing moderno, não é tão cativante como bênçãos e vitórias.

O mais dramático em toda esta situação é que nós, os que não nos integramos nesses grupos fragmentadores do Evangelho, acabamos por nos deixar levar na onda e cedemos ao contágio. É muito fácil permitirmos que o nosso ensino e aquilo que apresentamos na proclamação da Palavra acabe por ficar contaminado com esta tendência. É muito fácil permitir que a bênção seja mais falada do que a necessidade de arrependimento e que as vitórias se sobreponham ao ensino sobre a obediência. E não só no nosso ensino, mas também, por exemplo, nos nosso cânticos. Seria muito interessante fazer uma estatística sobre o número de coros que falam sobre as coisas que recebemos de Deus e o número de coros que falam sobre as nossas reais necessidades e responsabilidades.

É também importante resistir à tentação de apresentar a bênção e a vitória como resultados mais ou menos automáticos do cumprimento das nossas responsabilidades e da nossa obediência. Como se Deus ficasse obrigado a nos dar o que quer que seja, por causa das nossas obras. O arrependimento e a obediência SÃO a bênção e a vitória! Nada é mérito nosso, nem algum dia mereceremos outra coisa que não a morte (Romanos 6:23). Toda a boa dádiva é imerecida e fruto da imensa graça de Deus (Tiago 1:7).

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