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Mensagens

A mostrar mensagens de 2012

Deus eterno

Dizer que Deus é eterno é muito mais do que dizer que nunca teve início e nunca terá fim.   A Bíblia mostra que fomos criados por Deus e que existiremos para sempre. Na presença de Deus ou distantes dele, a nossa existência prolongar-se-á por toda a eternidade após a nossa morte física. Somos, portanto, infinitos. Tivemos um início e não teremos fim. Com Deus é diferente, a sua existência nunca se iniciou e nunca terminará. Mas, não é só isso…   A nossa existência decorre dentro da linha temporal. Ou seja, estamos limitados pelo tempo. Não conseguimos viver mais depressa, nem mais devagar do que os demais. Não conseguimos nos movimentar no tempo, nem para o passado, nem para o futuro. E, mesmo que o conseguíssemos, ainda assim, o tempo seria uma limitação própria da nossa existência. A nossa vida decorre de acordo com a sequência cronológica dos seus vários eventos e momentos. Deus, por outro lado, não está limitado ao tempo nem a qualquer sequência cronológica. Bem vistas as coisas e,

Liderança cristã

Quando o assunto é liderança cristã e, particularmente, liderança pastoral, é frequente surgir a palavra autoridade . Normalmente, são três as perspetivas quanto ao exercício de autoridade na liderança: a primeira é a de que o líder cristão deve exercer autoridade sobre as pessoas que lidera; a segunda é a de que o ministério de liderança deve ser desenvolvido através do exemplo, sem que isso implique uma posição de superioridade em relação aos demais; a última, e provavelmente, a mais frequente, integra as duas anteriores, afirmando que ambas as perspetivas não são conflituantes e que se harmonizam biblicamente. Encontramo-nos frequentemente a defender que o líder cristão tem e deve exercer autoridade sobre o rebanho que lhe foi confiado. Nem sempre o termo é usado explicitamente, mas suavizamo-lo, recorrendo a expressões como “liderança espiritual” sobre as pessoas lideradas, o que tem o sentido unívoco de autoridade. Recorrem-se, por vezes, a alguns subterfúgios para substitu

O trabalho do Senhor

Somos ensinados a fazer a distinção entre sagrado e secular, em relação a quase tudo o que diz respeito à nossa vida. As coisas de Deus e as coisas do mundo, as coisas espirituais e as materiais, o religioso e o profano, o espiritual e o secular. Este dualismo na vivência religiosa é bastante comum e tem uma forte influência, também, nas nossas igrejas. Se, por um lado, Jesus ensinou que nós, enquanto seus discípulos, não somos deste mundo (João 15:19; 17:6) – pelo que não nos devemos conformar a ele (Romanos 12:2), nem viver segundo os seus princípios (Colossenses 2:8), nem amá-lo (I João 2:15), nem ter com ele qualquer espécie de intimidade, pois tal constitui inimizade contra Deus (Tiago 4:4) – por outro lado, o mesmo Jesus nos constituiu “sal da terra e a luz do mundo” (Mateus 5:13-16). Como é possível conciliar duas perspetivas, aparentemente, tão díspares? É que a Palavra de Deus, ensinando a separação, ensina também a integração: não a assimilação dos princípios e valores

Injustiça?

Uns começaram a trabalhar às seis horas da manhã, outros às nove, outros ao meio-dia, e outros às quinze. O último grupo começou às dezassete horas. No final, o proprietário da vinha pagou a todos o que tinha combinado com os primeiros: um denário a cada um. Este é o resumo da parábola dos trabalhadores da vinha, registada em Mateus 20:1-16. "Mas que injustiça é esta?", reclamaram os que trabalharam desde as seis horas. "Trabalhámos todo o dia, aguentámos o calor intenso e recebemos o mesmo que os que trabalharam uma pequena parte do dia?" Numa primeira análise, concordamos com suas reclamações. Afinal, quem não se identifica com estes trabalhadores? Todos queremos que os nossos méritos e esforços sejam reconhecidos e destacados daqueles que trabalharam menos (ainda mais porque, aos nossos olhos, o nosso trabalho tem sempre mais valor que o dos outros). Esta parábola é uma ilustração acerca do Reino dos Céus e parece dar a entender que, trabalhemos muito ou po

O ungido do Senhor

Esta expressão tem sido, frequentemente, mal empregada por líderes religiosos, dos mais variados quadrantes do cristianismo, os quais arrogam o título de «ungidos do Senhor». Normalmente, surge como forma de resposta a quem ousa questionar ou discordar, mesmo que de acordo com preceitos bíblicos, com algum aspeto da sua liderança; ou em momentos em que o líder pretende fazer prevalecer a sua posição ou opinião, em detrimento das demais; ou, até, como ferramenta de manipulação e chantagem sobre o rebanho. Usando esta expressão e citando textos como o de 1 Samuel 26:4, em que David afirma, sobre Saul, “O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, que eu estenda a minha mão contra ele, pois é o ungido do Senhor”, de maneira prepotente, mas eficaz, conseguem levar a sua avante. No Antigo Testamento, a unção com os melhores óleos, por vezes, aromatizados com ervas, tinha um significado especial, normalmente associado à separação - santificação, de p

Salvador ou Senhor?

"Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos." Romanos 14:9 Frequentemente, ouvimos dizer que Jesus morreu para nos salvar. De acordo com o registo bíblico, esta afirmação é verdadeira. De facto, ao morrer na cruz sem ter cometido qualquer pecado (Hebreus 4:15), Jesus pagou uma dívida que não era sua (Romanos 3:23). Pode-se dizer que Jesus adquiriu, assim, um "crédito" que fica ao dispor de todo aquele que depositar a sua fé nele (Romanos 3:26). Ou seja, a justiça que Jesus conquistou na cruz, é imputada aos pecadores culpados que creem nele (Romanos 4:23-25). Esta imputação é identificada na Bíblia como sendo a justificação (Romanos 3:24). Isto é, pessoas culpadas (por causa dos seus pecados) que mereciam a morte (afastamento eterno de Deus) passam a ser vistas, pelo Juiz, como justificadas, mediante o pagamento efetuado por Jesus, e deixam de estar condenadas (João 5:24). Po

Nem tudo o que vem à rede é peixe

Nem tudo o que vem à rede é peixe. Quando se vai à pesca, também vêm à rede botas velhas, latas enferrujadas, sacos de plástico e outros pedaços de lixo inútil. Os oceanos estão cada vez mais poluídos, chegando-se ao extremo impensável de existirem autênticas ilhas de plástico à deriva no mar. A fauna marítima está a ressentir-se destas agressões ecológicas, com impactos diretos e indiretos em todo o ecossistema. E é cada vez mais verdade que nem tudo o que vem à rede é peixe.  Sendo assolados pelas mais variadas tendências doutrinárias, do ponto de vista do ensino bíblico, o cenário é semelhante. A crescente propensão consumista e imediatista da sociedade atual é verdadeiro combustível para o surgimento e proliferação de todo o tipo e corrente de ensino. Basta abrir a janela da internet, para teremos acesso às diversas modas e tendências espirituais, convenientemente adaptadas aos respetivos nichos de mercado. Há os místicos, os da prosperidade, os ultraconservadores, os liber

O crescimento do Reino

"Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; o qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos" (Mateus 13:31-32). No modelo de oração ensinado por Jesus, somos instruídos a pedir que o seu reino venha até nós. Também durante o Sermão do Monte, Jesus orienta-nos a buscarmos primeiro o seu reino e justiça. Portanto, não há sombra de dúvida que este reino é algo absolutamente fundamental para a nossa existência. Mas, em concreto, de que se trata? Podemos dizer que o reino de Deus ou o reino dos céus é o domínio de Jesus, o Rei, na nossa vida. Portanto, receber o seu reino é convidá-lo a exercer total autoridade sobre nós. De que forma é que isto acontece? Será através de um esforço consciente para sermos melhores do que temos sido? Será através da adoção e seguimento

A igreja Para Além Dos Limites

Há quase 20 anos atrás, numa aula de Eclesiologia (doutrina da igreja), o professor apresentou uma fotografia de si próprio em que, qual contorcionista de circo, fazia passar as pernas por cima da cabeça e perguntou, “acreditam que eu consigo fazer isto?” Depois da gargalhada geral, prosseguiu para o que considerei ser um dos mais importantes desafios que me foram colocados durante o meu tempo no Seminário: considerar A IGREJA PARA ALÉM DOS LIMITES. No decurso da história da igreja (e de cada igreja), construíram-se espaços e conceberam-se estruturas litúrgicas e organizacionais que, adequadamente, possibilitaram e reforçaram o desenvolvimento da sua missão. Com o decorrer do tempo, porém, sedimentaram-se organizações, instalaram-se hábitos, acomodaram-se pessoas e aquilo que antes era inovador torna-se, gradativamente, numa tradição. Em algumas situações, o meio tornou-se o fim. A igreja vê a sua vida, assim, limitada por elementos que, de forma quase impercetível, adquiriram estatu